sexta-feira, julho 2

Travessia



Atenta às imagens dos desastres causados pelas fortes chuvas nos estados de Alagoas e Pernambuco, transmitidas por todos os canais da televisão brasileira, lembranças vividas por mim, num passado não tão distante, fizeram-me refletir no quanto nós, seres humanos somos capazes de nos reerguer em meio às adversidades que a vida no impõe.

Na internet visualizei imagens de pessoas desesperadas e maltrapilhas com as mãos estendidas à espera de alimentos. Outras choravam por terem perdido a referência de suas vidas que estava representada nas suas casas, mobílias, vestimentas, sapatos, livros, alimentos e até nos brinquedos das crianças.
Concluo: “Como é cruel a realidade de quem perdeu algo ou alguém sem aviso prévio”!

Para quem perdeu sua casa, seus filhos, companheiro ou companheira, bens de valor ou aqueles papéis que você nem imaginava que possuia até perdê-los, o sentimento é desesperador! Sobretudo, a falta de referência é a pior de todas as perdas.
Acordar sem um teto, sem uma cama com um travesseiro macio ou não,  para repousar a cabeça é de uma crueldade inenarrável. Somente quem vive ou viveu experiência semelhante, sabe do que se trata.

Todavia, com propriedade, posso afirmar que se não há nada a ser comparado à dor da perda de suas referências pessoais, também posso afirmar que não há nada melhor do que se dá uma nova chance.
Fazer uso dessa condição de perda absoluta e começar uma nova vida, escrever novas páginas de sua existência, fazer algo que não o faça lembrar-se do que já viveu sem se deter no que possuiu, é muito melhor: Posso garantir!
O momento de começar outra vez, tem a ver com você. Unicamente com você.
É uma nova história. Um novo momento de reencontro com Deus e com a vida!
Será um momento de conhecer novas pessoas. Preservar as amizades que permaneceram ao seu lado, mas principalmente, permitir que novos amigos e amigas e, até novos amores se aproximem de você.

É isso, há tempo. Haverá tempo até o final. Começaremos novas histórias, tantas  quantas  forem necessárias. Recomeçaremos toda vez que for preciso. Mas, não nos deixaremos abater e não desistiremos  porque: “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia. E, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos" (Fernando Pessoa). E, o momento de perdas é uma excelente oportunidade para travessia. Façamo-la!
Artigo: Célia Regina Carvalho
Imagem: Google

2 comentários:

  1. Amiga,

    As perdas são inevitáveis nas nossas vidas, mas o sofrimento é opcional. Em qualquer das ocasiões citadas por você acima, temos mesmo que nos dar nova chance, de sermos felizes.

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