domingo, maio 30

A "Arte de Viver" (de um certo ângulo de minha existência..).


Viver é também saber lutar
Todos os dias!
Incansavelmente.
É preciso ter a coragem
Do tipo que a leva a entrar numa guerra
Tem que saber correr e atirar...
Há que se organizar
Há que se ocupar espaços e posições
Faz-se necessário atacar, tanto quanto se defender
É preciso que se saiba perder
Tanto quanto  se sabe ganhar...
Na vida, na paz ou na guerra
As escolhas são o que há de mais importante...
O caminho a ser percorrido é a principal das escolhas!
Para sair viva na guerra
É impreterível reconhecer o que poderá amedrontá-la
Pois, é a sinceridade que
Constrói a lei da sobrevivência...
Preterir o planejamento: jamais!
Caráter
Determinação
Disciplina
Equilíbrio
Harmonia
Cada uma dessas características não pode ser ignorada
Mas, sobretudo
Para se obter êxito
Há que se saber o momento certo de avançar, tanto quanto...
Conhecer  o momento certo de retroceder.
Há que se compreender:
“Por vezes, a melhor estratégia de uma guerra é saber a hora exata de recuar”.
Isso, também é viver

(Categoria: Artigo - Dedicado às mulheres da minha vida (mãe, irmãs, filhas, amigas) que me ensinam a arte de viver a lutar todos os dias)

Célia Regina Carvalho
Em, 30 de maio de 2010.

Viver




Vive-se com felicidade ou não...
Vive-se com intensidade ou não...
É tudo uma questão de escolhas.
Viver intensamente às vezes pode parecer loucura...
Ser feliz também, por vezes parece loucura...
O correto é que:
Para viver é “preciso ser feliz”...
E, para ser feliz às vezes... “é preciso ser louco”!

Como diria Clarice Lispector: "Refugiei-me na doideira porque a razão não me bastava".

(Pensamento dedicado à Joseph Bandeira. Um amigo especial que sabe ser feliz mesmo que o chamem de louco)

Célia Regina Carvalho
Em, Juazeiro da Bahia, "Terra da Alegria", chamada "Terra dos Loucos".
30 de maio de 2010.


"Quando existe AMOR VERDADEIRO, o reencontro é inevitável..."

Meme: http://meme.yahoo.com/jane_carlos/

terça-feira, maio 25

Outono



Estive aqui...
Lembro com tamanha clareza
Gosto das estações do ano
Por isso, sei que era outono

Quando outono
Os dias ficam cinzentos
O vento sopra mais
Árvores modificam suas folhas

Percebo um mar revolto
Um rio inquieto
O sol vive a se esconder
As nuvens não decidem se querem chover

Noites e dias duram igual
As noites não sabem se são frias
Os dias não sabem se são quentes
E assim, no outono tudo é diferente

Meneiam as árvores
Enrubescem-se as verdes folhas
Maduros, os frutos caem ao chão
Colhem-se com fartura

Estive aqui, eu sei
Se dia, se noite...
Se chuva, se sol...
Não sei

Lembro-me do sol e das folhas
Lembro-me da lua e do mar
Lembro-me da chuva e dos frutos
Lembro-me dos ventos e rios...

Estive aqui...

Bebi de uma água
Comi de um fruto
Banhei-me nas chuvas
Sequei-me aos ventos...

Era outono: Eu sei.
Estive aqui!

Célia Regina Carvalho
Em, 25 de maio de 2010.



domingo, maio 23

Vida e Poesia - Vinicius de Moraes




A lua projetava o seu perfil azul
Sobre os velhos arabescos das flores calmas

A pequena varanda era como o ninho futuro
E as ramadas escorriam gotas que não havia.

Na rua ignorada anjos brincavam de roda...
– Ninguém sabia, mas nós estávamos ali.
Só os perfumes teciam a renda da tristeza
Porque as corolas eram alegres como frutos
E uma inocente pintura brotava do desenho das cores

Eu me pus a sonhar o poema da hora.
E, talvez ao olhar meu rosto exasperado
Pela ânsia de te ter tão vagamente amiga
Talvez ao pressentir na carne misteriosa
A germinacão estranha do meu indizível apelo


Ouvi bruscamente a claridade do teu riso
Num gorjeio de gorgulhos de água enluarada.
E ele era tão belo, tão mais belo do que a noite 
Tão mais doce que o mel dourado dos teus olhos


Que ao vê-lo trilar sobre os teus dentes como um címbalo
E se escorrer sobre os teus lábios como um suco
E marulhar entre os teus seios como uma onda
Eu chorei docemente na concha de minhas mãos vazias
De que me tivesses possuído antes do amor.


Fonte: http://www.viniciusdemoraes.com.br/
Imagem: http://taniamarapoesias.blogspot.com/2009/07/mulher-de-lua.html#comment-form

quinta-feira, maio 20

Poeta é o que sou...


Sou apenas poeta
Nada mais além que poeta...
Vivo das cores lindas que a poesia reproduz
E, dos versos que ela traduz...

Vivo do encanto da natureza
Da beleza que tem o canto das gaivotas
Do verde das matas
E, da cor azul que tem o céu...

Vivo da calmaria de um rio que corre sem pressa
Ou, da bravura que tem as ondas do mar
Vivo da brisa que sopra nas noites de verão
Ou, da ventania de outono que tira das árvores suas folhas

Vivo do silêncio dos peixes a nadar na escuridão do oceano
Vivo do rugir assustador do rei da selva
Vivo do som quase imperceptível do bater das asas de uma borboleta
Mas, vivo de trovoadas estrondosas!

Abraço-me ao por do sol
Acalento-me nas cachoeiras
Salto das alturas
Mergulho na maré

Sou sabiá
Sou leoa
Sou chuva forte
Sou garoa

Estou nas estrelas
Na terra
No mar
Estou no céu

Sou poeta
Sou poesia
Sou letra
Sou melodia!


Célia Regina Carvalho
Juazeiro, em 20 de maio de 2010. 

Imagem:
Michael Garmash



quarta-feira, maio 19

Para quê, servem os sonhos?


Os sonhos servem para encantar
É aquela mania que você tem de jamais perder  a poesia da vida
A poesia serve para embelezar
Matiza e transforma todas as formas de amar

O amor serve para sonhar
Traz devaneios possíveis de se realizar
Os devaneios servem para levar às nuvens os nossos pensamentos
Pensar serve para você  planejar a paixão

A paixão serve para acordar o desejo dos  sonhos
Desejo é um sentimento nobre e merece atenção
Porque serve para instigar
E, a instigação é útil para muitas descobertas

Descobrir significa que você alimenta algum tipo de curiosidade
Com a curiosidade aprendemos e ensinamos
Aprendemos que a existência humana se sustenta nos sonhos (coletivos ou não)
E, com os sonhos ensinamos que sempre há tempo para ser feliz!

Célia Regina Carvalho
Em, 19 de maio de 2010.
Foto divulgação: gersonpalazzo.blogspot.com/

terça-feira, maio 18

Vidas


Tenho pouca idade   
Vivi muitas vidas
Senti poucas dores
Tive muitas alegrias

Brinquei de pular corda
De amarelinha
De pique - esconde
E, até pião aprendi a jogar

Corri atrás de pipas
Joguei futebol
Brinquei de casinha
De  escola e até de igrejinha

Tive muitos brinquedos...
Bonecas índias ou amarelas
Tive piratas e quebra-cabeças
Panelas, jogos e bolas...

Usei cachos e tranças nos cabelos
Vestidos com saias rodadas
Meias com bolinhas
E sapatos  de “bonecas”

Na escola fui sapeca
Mas, muito “sabida”
Tive ótimas notas
Mas, quando queria cabulava aulas...

Virei mocinha
Beijei na boca
Não me apaixonei
Também, não me precipitei: “continuei menina”...

Casei
Conheci o amor
Conheci a paixão
Experimentei (o) a maternidade

Separei
Reiniciei
Fiz back-up de tudo de bom que vivi
Recomecei!

Chorei algumas vezes para lavar minha alma
Sorri... muitas outras vezes de felicidade
Silenciei meu coração quando precisei
Amei (o) outra vez com sinceridade

Vivo, não  há como negar!

Vida!
Vidas!
Vivo!
Viva!!!

Célia Regina Carvalho
Foto: http://kinagomes.bloguepessoal.com/
Juazeiro, em 18 de maio de 2010.

domingo, maio 9

Marcas Indeléveis

Em nome da minha história de lutas e determinações
Ouço com freqüência, pessoas me qualificarem para a lista das “mulheres corajosas”
É certo, não é debalde a afirmação, pois, em diferentes momentos da minha vida
Precisei de uma dose maior de força e bravura
Também pudera...
Dizem que há males que vêm para o bem
Hoje, não vejo mais como algo que possa me fazer mal
Mas, quando ainda com 11anos de idade , era desperta todas as noites
Por uma insônia pertinaz
Cheguei a reclamar muito por não ter sono como as demais pessoas





Insônias&Leituras


"O fato era que, naquelas intermináveis noites                                
Uma fome de leitura tomava conta de mim
Vontade de dormir, eu não sentia...
Abraçava-me à leitura
Ler, depois ler e depois ler outra vez
Era para mim, uma diversão...
A isso, posso atribuir grande parte das minhas referências pessoais"...






Dona Maria, minha mãe

Porem, antes de entrar para o mérito da obsessão pela leitura
Preciso falar do quanto a minha mãe influenciou todos os meus passos
Naquelas noites, enquanto eu me revirava na cama em busca de sono
Minha mãe passeava pela casa a visitar cada um dos nove filhos
Após suas visitas aos quartos e camas
Na sala de estar, minha mãe levava ao chão seus joelhos
Hoje, calejados e, a Deus levava suas inquietações maternas
Em cada conversa com o Senhor do Universo,
Falava para Deus do seu amor por mim e por meus irmãos e irmãs.
Minha Mãe: marca indelével!


Corrie ten Boom
Voltando às insones noites acompanhadas de muita leitura              
Trago à lembrança, outra mulher que também marcou a minha vida
Refiro-me a Cornelia Johanna Arnolda ten Boom, conhecida como Corrie ten Boom
Nascida em 15 de abril de 1892, Corrie tem Boom viveu até o dia 15 de abril de 1983
Foi uma escritora e resistente holandesa que ajudou a salvar a vida de muitos judeus ao escondê-los dos nazistas durante a II Guerra Mundial.
Ten Boom registrou sua autobiografia no livro O Refúgio Secreto
Que, posteriormente foi adaptado para o cinema em um filme com o mesmo nome.
Li, o seu livro e passei a imaginar como eu agiria se me encontrasse em situação semelhante
Em 1940, os nazistas invadiram a Holanda e, em 1942, Corrie e sua família tornaram-se ativos na resistência holandesa, escondendo refugiados em sua casa, na rua Barteljorisstraat 19, em Harlem, Holanda. Dessa forma, eles viriam livrar muito judeus da morte certa nas mãos da SS nazista.
Depois de muito lutar, em 1977, ten Boom, aos 85 anos, mudou-se para Orange (Califórnia). Sucessivos ataques em 1978 reduziram sua capacidade de comunicação e deixaram-na inválida. Em 15 de abril de 1983, no dia do seu 91 aniversário, ela veio a falecer (saiba mais: http://www.bibliotecagospel.net/2009/11/corrie-ten-boom.html)
Corrie tem Boom marcou para sempre a minha existência.

Olga Benário Prestes



Anos depois, conheci a história de Olga Benário                         
Não bastasse a sua inteligência e beleza
Olga Benário bravamente resistiu ao Campo de Concentração
À tortura física, à humilhação,
A separação do grande amor da sua vida, Carlos Prestes
Sobretudo, a violência com que a separaram de sua filha
Todavia, o que mais me comove na história de coragem e audácia de Olga
Está na sensibilidade feminina delineada em suas doces, mas, fortes palavras na carta endereçada à sua filha Anita Garibaldi e Prestes:





“Queridos:
Amanhã vou precisar de toda a minha força e de toda a minha vontade. Por isso, não posso pensar nas coisas que me torturam o coração, que são mais caras que a minha própria vida (...).
É totalmente impossível para eu imaginar, filha querida, que não voltarei a ver-te, que nunca mais voltarei a estreitar-te em meus braços ansiosos (...).
Antes de tudo, vou fazer-te forte (...).
Querida Anita, Meu querido marido, meu garoto: choro debaixo das mantas para que ninguém me ouça, pois parece que hoje as forças não conseguem alcançar-me para suportar algo tão terrível (...).  De ti aprendi querido, o quanto significa a força de vontade, especialmente se emana de fontes como as nossas (...).  Quero que me entendam bem: preparar-me para a morte não significa que me renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela chegue (...). Até o último momento manter-me-ei firme e com vontade de viver. Agora vou dormir para ser mais forte amanhã. Beijos pela última vez.
Olga.”

Finalmente...

Acima, estão alguns dos trechos da carta de Olga que mais amoleceram meu coração
E, diante às histórias de mulheres como a minha mãe, dona Maria (em vida)
De Corrie tem Bom e  de Olga Benário Prestes...
Resta-me um reconhecimento:
“Sou nesse momento da minha existência
Apenas o reflexo do que foram
E do que contribuíram cada uma dessas
E de tantas outras mulheres...
Que doaram suas vidas diretamente
Para o engrandecimento da humanidade
Especialmente, para o encorajamento de mulheres
Que não baixam a cabeça nunca,
E, que á despeito do que tiverem à sua frente
Estarão aptas á lutar
Cada uma, ao seu modo”
Mas, lutando sempre!

Célia Regina Carvalho
Lugar:" ...à sombra do Altíssimo, é onde me abrigo".
Quando: "Ontem, hoje e sempre"!


Fotos: Divulgação



Feliz Dia das Mães

Às mulheres e aos homens desse país
Que sabem o valor de ser/ter mãe
A homenagem sincera de quem aprendeu que ser mãe
É, sobretudo, saber ser filha

Congratulações verdadeiras de um coração feliz
Por ter recebido a graça divina de em casa
Conviver com quatro belas criaturas que me chamam por um codinome maravilhoso: MÃE!

Há dezesseis anos, quase dezessete
Aprendi com muita felicidade:
“Por mais feliz que você seja
  Por mais que possua
  Por mais que ouça, alguém dizer te amar
  Nada pode ser comparada a alegria de ser mãe”.

Sou mãe, não por obra do acaso
Sou mãe porque desejei profundamente
O que seria a culminância do amor
Do que vivi intensamente com o pai dos meus filhos e filhas

Deus, então...
Realizou o desejo do meu coração
Hoje, é o mais feliz dia da minha existência
Sei que posso ser
Sei que posso estar
Sei que posso realizar!

Finalmente
Um agradecimento especial
À minha mãe por todos os seus ensinamentos...
Aos meus filhos: Newtou Junior e Nathanael Johnata
Às minhas filhas: Sarah Juliana e Jéssica Victória
Por me darem a honra de nascerem do meu ventre!
É isso: “Feliz Dia das Mães”!

Célia Regina Carvalho
Em um lugar especial, muito especial...
Maio, 08 de 2010.






segunda-feira, maio 3

Clarice Lispector

ISSO É MUITA SABEDORIA
"Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer".