sexta-feira, abril 30

Direitos Humanos - Tortura nunca mais!

Na manhã do dia 27 de agosto de 1993, no Recife – cidade onde, em 1964, o líder comunista Gregório Bezerra foi amarrado e arrastado pelas ruas, enquanto era espancado a coronhadas por um oficial do Exército -, foi inaugurado o primeiro monumento para homenagear as vítimas da repressão militar nos anos 60 e 70 no Brasil. Nome do monumento: Tortura Nunca Mais.

A perspectiva do eterno retorno traz consigo terríveis conseqüências existenciais: se tudo está fadado a se repetir até o fim dos tempos, qual o sentido das nossas ações?
É aqui que se insinua na nossa reflexão um complicador a mais: melhor seria, para nosso próprio conforto ideológico, que nos deparássemos apenas com a simples oposição de um Estado torturador contra a sociedade civil de “torturáveis”. Infelizmente não é tão simples assim. Em países como o Brasil, boa parte da opinião pública – o que aliás inclui os próprios “torturáveis” – convive pacificamente com a idéia de que a polícia pode prender e bater em delinqüentes, malandros, suspeitos etc.,provenientes das classes populares. Isso, por mais politicamente desconfortável que seja admiti-lo, faz parte da nossa cultura, integra o nosso senso comum. Antes que os militantes de esquerda tivessem descoberto a questão da tortura a partir de sua própria experiência nos porões do regime, a música popular já registrava maus tratos contra favelados como a coisa mais natural do mundo. Em 1964 – ano emblemático -, no célebre show Opinião, uma música de Zé Kéti, incorporando a fala de um desses cidadãos, dizia:

Podem me prender
Podem me bater
Podem até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião
Daqui do morro
Eu não saio, não.

O que mais me chama a atenção no verso “podem me bater” não é o seu realismo, é a sua naturalidade, com a qual, certa feita, eu próprio me defrontei, num episódio que vale a pena ser contado. Há alguns anos, passando em frente a uma loja de roupas, notei uma grande confusão, como se algo de grave tivesse acontecido no seu interior. Perguntei a um dos balconistas o que era, e fui informado de que um ladrão tinha sido pego e o tinham prendido no banheiro. “À espera da polícia?”, perguntei. “Não”, respondeu o balconista. E explicou: “O ladrão é recruta do Exército, e a polícia não pode bater”. E isso dito sem nenhum espanto, como se fosse absolutamente natural que o ladrão, pelo seu delito, fosse passível da pena de espancamento. Só que, por ser recruta do Exército, tinha direito a um regime especial...

Angela Paula – PT Capela do Socorro - PT Nacional

Leia a matéria na íntrega em: http://ptjuazeirobahia.blogspot.com/

terça-feira, abril 27

Têm dias


Têm dias, não todos, que saímos da cama com a sensação de que ainda não acordamos... Fica metade do corpo na cama, no cansaço do dia que a noite não apagou ou, no coração ficam as lembranças de sonhos que o vento da madrugada soprou.

Nesses dias, parece que a noite não passou. Um silêncio profundo se instala dentro do seu peito. Uma distração inexplicável assume seus pensamentos. A vontade de dormir até a eternidade parece-se com a verdade mais absoluta do universo. Estar acordado sugere um castigo, uma penitência ou, coisas do tipo.

É que sono lembra descanso... Descanso lembra silêncio, que lembra noite... Noite que lembra estrelas... Estrelas que lembram a lua... Lua que lembra amor... Amor que lembra paixão... E, paixão que lembra que precisamos ter o outro perto... De junto...

Todavia...
O dia lembra muitas coisas. Lembra muito mais compromissos: “acordar as crianças, levar para escola, trabalhar, pagar contas... Buscar as crianças na escola, ajudar nas tarefas escolares, alimentá-las, brincar, ser companhia, aconselhar, etc., etc., etc.”,

São ótimas atividades, eu, por exemplo, a-do-ro ser “pãe”, porém, meu corpo reclama , fazer o quê?
Gosto mais da noite e não é para fugir dos compromissos, mas, para descansar a mente e o corpo com todos os meus sentidos...
Sirvo-me da noite para pensar no quanto posso superar limites. Penso também, em quantas vezes poderei recomeçar... Em quantas vezes poderei voltar atrás de uma decisão ou, quantas vezes seguirei em frente.
Deve ser então, esse o motivo principal que o meu corpo encontrou para insistir em permanecer na cama...
Tem dias. Há... como tem dias!

Célia Regina Carvalho
Em algum lugar da Bahia, 27 de abril de 2010.
Foto: http://papocalcinhaparte2.blogspot.com/

sexta-feira, abril 23

Nunca desista dos seus sonhos

Um homem investe tudo o que tem numa pequena oficina.. Trabalha dia e noite, dormindo apenas quatro horas por dia. Dorme ali mesmo, entre um pequeno torno e algumas ferramentas espalhadas.
Para poder continuar seus negócios, empenha sua casa e as jóias da esposa. Quando, finalmente, apresenta o resultado de seu trabalho à uma grande empresa, recebe a resposta que seu produto não atende ao padrão de qualidade exigido.
O homem desiste?
Não! Volta à escola por mais dois anos, sendo vítima da chacota de seus colegas e de alguns professores, que o chamam de 'louco'.
O homem fica ofendido?
Não! Dois anos depois de haver concluído o curso de Qualidade, a empresa que o recusara, finalmente, fecha um contrato com ele. Seis meses depois, vem a guerra. Sua fábrica é bombardeada duas vezes...
O homem se desespera e desiste?
Não! Reconstrói sua fábrica, mas um terremoto novamente a arrasa.
Você pensará, é claro: bom, agora sim, ele desiste!
Mais uma vez, não!
Imediatamente após a guerra há uma escassez de gasolina em todo país e este homem não pode sair de automóvel, nem para comprar alimentos para sua família.
Ele entra em pânico e decide não mais continuar seus propósitos?
Não! Criativo, ele adapta um pequeno motor à sua bicicleta e sai às ruas. Os vizinhos ficam maravilhados e todos querem as chamadas 'bicicletas motorizadas'. A demanda por motores aumenta e logo ele não conseguiria atender todos os pedidos! Decide montar uma fábrica para a novíssima invenção. Como não tem capital, resolve pedir ajuda para mais de quinze mil lojas espalhadas pelo país. Como a idéia parece excelente, consegue ajuda de 3.500 lojas, as quais lhe adiantam uma pequena quantidade de dinheiro.
Hoje, a Honda Corporation é um dos maiores impérios da indústria automobilística!
Esta conquista foi possível porque o Sr. Soichiro Honda, o homem de nossa história, não se deixou abater pelos terríveis obstáculos que encontrou pela frente.
Quantos de nós desistimos por muito menos? Quantas vezes o fazemos antes de enfrentar minúsculos problemas?

Todas as coisas são possíveis, quando sustentadas por sonhos e valores consistentes.
Pense nisso. Não desista!

(Fonte: recebi do meu amigo Luiz Duarte)

quarta-feira, abril 21

Fortes para dor e, mais ainda para o prazer


Limitar-se ao reconhecimento machista que nós mulheres somos fortes
Somente, quando estamos diante de um parto “parido” ou, “cesariado”...
Ou... quando forçadas a reconhecer que fomos traídas
Muito pior ainda, quando estamos diante de perdas diversas
Incluindo pai, mãe ou filhos
É, de fato, desconhecer o nosso potencial de mulher.
Somos fortes diante da dor, sim!
Mas, somos mais resistentes ainda,
Quando estamos frente ao prazer.

Nós mulheres
Somos livres para o amor
E, intensas para o prazer.
Quanto suporta um homem o prazer?
Quem, dos homens pode ter múltiplos orgasmos
Numa única sessão de amor?
A meu ver
Não foram as perdas que me fizeram perceber
o quanto sou forte, mas, sobretudo
O amor acompanhado de desejo e prazer.


Amar intensamente um homem
Depois de ter sofrido uma terrível desilusão
E, com esse homem ter os mais fortes e intensos
Momentos de prazer
Foi sem dúvida
O que me convenceu do quanto sou resistente...

Suportar a dor, não é um mérito só nosso
Na verdade, é de todos os que se dispõem a encará-la
Mas, essa mania que temos de querer recomeçar sempre
Essa mania de superar-se, sempre
De amar intensamente, quantas vezes forem necessárias
E, de nos entregarmos ao prazer de maneira
Que possamos transcender...
É, de verdade, a maior das nossas proezas

Somos forçadas à dor
Enquanto seres humanos
Mas, o prazer...
Esse, só se pode sentir
Quando há entrega e muita coragem
Homens jamais saberão
O quanto é maravilhoso
Sentir 1,2,3,4,5,6,7,8 (....)
Infinitos e multiplicados orgasmos
Somos sim, fortes para a dor
Mas, somos muito mais fortes
Para o amor e para o prazer...

Célia Regina Carvalho
Juazeiro, em 21 de abril de 2010.

O que será que será - (Chico Buarque de Holanda)

O que será que será
Que andam suspirando pelas alcovas
Que andam sussurando em versos e trovas
Que andam combinando no breu das tocas
Que anda nas cabeças, anda nas bocas
Que andam acendendo velas nos becos
Que estão falando alto pelos botecos
Que gritam nos mercados, que com certeza
Está na natureza, será que será
O que não tem certeza, nem nunca terá
O que não tem conserto, nem nunca terá
O que não tem tamanho


O que será que será
Que vive nas idéias desses amantes
Que cantam os poetas mais delirantes
Que juram os profetas embriagados
Que está na romaria dos mutilados
Que está na fantasia dos infelizes
Que está no dia-a-dia das meretrizes
No plano dos bandidos, dos desvalidos
Em todos os sentidos, será que será
O que não tem decência, nem nunca terá
O que não tem censura, nem nunca terá
O que não faz sentido


O que será que será
Que todos os avisos não vão evitar
Porque todos os risos vão desafiar
Porque todos os sinos irão repicar
Porque todos os hinos irão consagrar
E todos os meninos vão desembestar
E todos os destinos irão se encontrar
E o mesmo Padre Eterno que nunca foi lá
Olhando aquele inferno, vai abençoar
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem juízo

sábado, abril 17

CON TE PARTIRÒ - ANDREA BOCELLI

PER AMORE - ANDREA BOCELLI


Il Mare Calmo Della Sera (O mar calmo da noite)- Andrea Bocelli

Non so cosa sia la fedeltà,           Não sei dizer com certeza

la ragione del mio canto               Qual a razão do meu canto

che resistere non può                   Que não pode resistir

ad un cosi dolce pianto                A um choro tão doce

che mutò l'amore mio.                 Que mudou o meu amor


E se anche il sorgere del sole        É se como o surgir do sol

ci trovasse ancora insieme,           Nos encontrássemos ainda juntos

per favore dimmi no,                   Por favor diga me não

rende stupidi anche i saggi           Se rende aos estúpidos e aos sábios


l'amore, amore mio.                  O amor, meu amor

Se dentro l'anima                      Se dentro da alma

tu fossi musica,                        Você fosse música

se il sole fosse dentro te,          Se o sol estivesse dentro de você

se fossi veramente                    Se estivesse mesmo

dentro l'anima mia,                   Dentro da minha alma


allora si che udir potrei          Então sim, que poderei ouvir

nel mio silenzio                     No meu silêncio

il mare calmo della sera.         O mar calmo da noite

Però quell'immagine di te         Mas, aquela imagem sua

cosi persi nei miei occhi          Tão perdida nos meus olhos

mi portò la verità,                  Trouxe-me a verdade:

ama quello che non ha           Ama aquilo que não tem

l'amore, amore mio.              O amor, meu amor

Se dentro l'anima                 Se dentro da alma

tu fossi musica,                   Você fosse música

se il sole fosse dentro te,    Se o sol estivesse dentro de você

se fossi veramente              Se estivesse mesmo

dentro l'anima mia,             Dentro da minha alma

allora si che udir potrei      Então sim, que poderei ouvir

il mare calmo della sera.    No meu silêncio

nel mio silenzio                  O mar calmo da noite

il mare calmo della sera.

CARTA DE OLGA BENÁRIO À ANITA GARIBALDI E CARLOS PRESTES

“Queridos:

Amanhã vou precisar de toda a minha força e de toda a minha vontade. Por isso, não posso pensar nas coisas que me torturam o coração, que são mais caras que a minha própria vida. E por isso me despeço de vocês agora. É totalmente impossível para mim imaginar, filha querida, que não voltarei a ver-te, que nunca mais voltarei a estreitar-te em meus braços ansiosos. Quisera poder pentear-te, fazer-te as tranças - ah, não, elas foram cortadas. Mas te fica melhor o cabelo solto, um pouco desalinhado. Antes de tudo, vou fazer-te forte. Deves andar de sandálias ou descalça, correr ao ar livre comigo. Sua avó, em princípio, não estará muito de acordo com isso, mas logo nos entenderemos muito bem. Deves respeitá-la e querê-la por toda a tua vida, como o teu pai e eu fazemos. Todas as manhãs faremos ginástica... Vês? Já volto a sonhar, como tantas noites, e esqueço que esta é a minha despedida. E agora, quando penso nisto de novo, a idéia de que nunca mais poderei estreitar teu corpinho cálido é para mim como a morte. Carlos, querido, amado meu: terei que renunciar para sempre a tudo de bom que me destes? Conformar-me-ia, mesmo se não pudesse ter-te muito próximo, que teus olhos mais uma vez me olhassem. E queria ver teu sorriso. Quero-os a ambos, tanto, tanto. E estou tão agradecida à vida, por ela haver me dado a ambos. Mas o que eu gostaria era de poder viver um dia feliz, os três juntos, como milhares de vezes imaginei. Será possível que nunca verei o quanto orgulhoso e feliz te sentes por nossa filha?

Querida Anita, Meu querido marido, meu garoto: choro debaixo das mantas para que ninguém me ouça pois parece que hoje as forças não conseguem alcançar-me para suportar algo tão terrível. É precisamente por isso que me esforço para despedir-me de vocês agora, para não ter que fazê-lo nas últimas e difíceis horas. Depois desta noite, quero viver para este futuro tão breve que me resta. De ti aprendi, querido, o quanto significa a força de vontade, especialmente se emana de fontes como as nossas. Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo. Prometo-te agora, ao despedir-me, que até o último instante não terão porque se envergonhar de mim. Quero que me entendam bem: preparar-me para a morte não significa que me renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela chegue. Mas, no entanto, podem ainda acontecer tantas coisas... Até o último momento manter-me-ei firme e com vontade de viver. Agora vou dormir para ser mais forte amanhã. Beijos pela última vez.

Olga.”

quinta-feira, abril 15

A CHORAR, SIGO...



Choro às vezes...
Quando sinto saudade
Quando sinto dor ou tristeza
E, choro também de felicidade!

É que chorar lava-me a alma
Leva-me ao descanso
Conduz-me ao silêncio de mim mesma
E, é quando posso me ouvir melhor.

Ouço de mim, as mais sinceras lamentações...
Ora exageradas, ora acertadas...
Umas breves, outras longas...
Mas, em geral são sinceras.

É quando choro que percebo a existência do outro...
Que sinto a solidão de quem não aprecia a si mesmo...
E que sinto, o quanto a vida pode ser bela para uns...
E, tão cinzenta para outros.

Gosto de sorrir
Todavia valorizo o chorar
É como se, parte de mim
Fosse só saudade enquanto a outra, só felicidade.

Célia Regina Carvalho
Salvador, em 15 de abril de 2010.

UM BASTA Á VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: EU POSSO!

A cada 3 segundos uma mulher é vítima da violência doméstica no Brasil. Entre milhares de casos registrados, 70% tem origem nas suas casas. Ou, pior, são praticadas por seus parceiros.

A violência doméstica tomou uma dimensão que parece, às vezes, incontrolável. Parece-se com algo que jamais terá fim. Que o digam as mulheres que estão nesse exato momento, sob a mira de um agressor. E, antes que sejam criticadas por não reagirem ao primeiro “bofete”, leve-se em consideração que a maioria da violência é oriunda dos parceiros e, é indispensável, levar em consideração alguns pontos de grande valor:

1. Nós mulheres, a maioria, casamos por amor. O sentimento está acima de quaisquer outros motivos que sejam. É uma questão cultural. Não só no Brasil, como no mundo. Até existem países que não pregam o amor em primeiro lugar, mas, de alguma maneira, nós mulheres sofremos algum tipo de imposição social para o matrimônio;

2. Sempre que algo é imposto, torna-se prisional ou, no mínimo, pré-estabelece limites;

3. Para nós mulheres, amar não é uma imposição, mas, uma condição para iniciarmos uma relação a dois. Quer seja na relação hétero ou, homossexual;

4. Na relação a dois, sem que haja violência já nos colocamos num determinado limite de movimentação;

5. Quando a violência chega, já nos encontra limitados;

6. A violência por sua vez:

a) Destrói a nossa auto-estima;

b) Frustra o sonho de sermos felizes com a pessoa amada;

c) Leva-nos a descrença em relacionamentos, uma vez que, nos ensinaram: “seremos felizes até que a morte nos separe”;

7. Aspectos sociais:

a) Vivemos ainda, numa sociedade retrógrada, em que mulheres solteiras, divorciadas, viúvas ou separadas representam ameaça para as casadas;

b) Homens ainda são sinônimos de estabilidade financeira e inclusão social, equivocadamente, diga-se de passagem;

c) Embora, preenchamos mais espaços nas universidades, ainda não somos a maioria em cargos de chefia e, os nossos salários continuam menores que as remunerações masculinas;

d) Mesmo preparadas por universidades, quando ascendemos profissionalmente, ainda querem nos atribuir “apadrinhamentos”;

8. Pontos de vista familiar:

a) As nossas mães foram ensinadas a permanecerem casadas, mesmo debaixo de TODO e QUALQUER tipo de violência;

b) Os nossos pais praticavam violência e não recebiam punição alguma;

c) Nossos pais receberam a formação doméstica retrógrada que ora, tentam nos impor;

d) Nossas famílias não acreditam na justiça brasileira. Atribua-se a isso, tudo o que não viram ser penalizado.

Todos os pontos, acima citados, além de centenas de outros (individualizados), somados, deixam mulheres e crianças, cercados no limite da violência doméstica.

Superar a violência quando essa é doméstica, não é uma tarefa fácil. A história de um país marcado pela escravatura de homens e mulheres, justificada, por terem em sua melanina, substância diferente dos europeus. Um país que censurou o voto de mulheres. Que fechou, por décadas, os olhos para a violência praticada contra mulheres como Maria da Penha, por vezes não nos estimula.

Todavia, nós mulheres brasileiras, já superamos tantas outras e, acredito: superar mais uma das faces da violência doméstica, dentre muitas, é possível.

Para isso, precisamos encontrar dentro de nós, os sonhos que sonhamos quando meninas. Quando imaginávamos que era possível um mundo cor de rosas, desde que as plantemos . Um mundo que tenha um mar com cores azuis e verdes. Com campos verdejantes. Com pássaros que cantarolam ao nascer do dia e, por fim, com um dia que seja o nosso dia. Com uma história que seja a nossa história, escrita por punhos próprios e, no dia em que não mais concordamos ou, acreditarmos nela, possamos apagar com a borracha que perdoa, apaga e esquece ofensas.

Façamos uso dos nossos sonhos de meninas e, quantas vezes precisarmos, escreveremos quantas histórias queiramos. Está dentro de nós o desejo e a vontade de sermos felizes. Precisamos mesmo é escutar a nossa própria voz. Tenho certeza: “nos conhecemos melhor que qualquer pessoa, por mais próxima que pareça ser. Amamo-nos mais do que qualquer outra pessoa. Queremos-nos bem, mais do que qualquer pessoa".

Célia Regina Carvalho
Salvador, em 15 de abril de 2010.

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER: COMBATA ESSA PRÁTICA


O Ligue 180 registrou, de janeiro a dezembro de 2009, 401.729 atendimentos, o que representa um aumento de 49% em relação a 2008, quando foram contabilizados 269.977 atendimentos.

A Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180 é um serviço que foi implantado em 2005 pela SPM (Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres). Trata-se de uma central de atendimento telefônico que funciona ininterruptamente, inclusive finais de semana e feriados. A ligação é gratuita e pode ser feita a partir de qualquer local do país.

Parcela significativa do total de atendimentos refere-se à busca por informações sobre a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), que registrou ao longo do ano passado 171.714 atendimentos, contra 117.546 em 2008, o que corresponde a um crescimento da ordem de 47%.

Segundo o documento divulgado pela SPM:
"Dos 40.857 relatos de violência, a maioria dos agressores são os próprios companheiros. Do total desses relatos, 22.001 foram de violência física; 13.547 de violência psicológica; 3.595 de violência moral; 817 de violência patrimonial; 576 de violência sexual; 120 de cárcere privado; 34 de tráfico de mulheres; 8 de negligência; e 154 outros. Na maioria das denúncias/relatos de violência registrados no Ligue 180, as usuárias do serviço declaram sofrer agressões diariamente (70%).

De acordo com a ouvidora da SPM, Ana Paula Gonçalves, a veiculação em rede nacional da campanha institucional ‘Uma vida sem violência é um direito de todas as mulheres’, lançada em novembro passado para divulgar o Ligue 180, é um dos responsáveis pelo aumento na demanda, junto a maior divulgação da Lei Maria da Penha.

Melhorias tecnológicas e capacitação dos atendentes também são apontadas como motivos para o acréscimo nos atendimentos da Central. No ano passado, ao completar quatro anos de funcionamento, o Ligue 180 teve sua estrutura de atendimento ampliada, passando de 20 para 50 pontos de atendimento. A Central também passou a funcionar por meio da tecnologia VOIP - Transferência Direta de Chamadas –, que permite sistematizar automaticamente os dados das chamadas recebidas (data, local de origem, hora e duração da chamada).

Chamada Ativa - Foi implementado, ainda, o sistema de “chamada ativa”, para a geração de chamadas a partir da Central, viabilizando o acompanhamento das denúncias junto aos órgãos a que estas foram encaminhadas, bem como o monitoramento da Rede Especializada de Atenção à Mulher Vítima de Violência (DEAMs, Centros de Referência, Casas Abrigo, Juizados Especializados, Defensorias da Mulher). Para tanto, a Central contará com 60 canais para geração de chamadas."

Fonte: http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/
Foto: http://acordabrasil.files.wordpress.com/2008/08/violencia-contra-a-mulher.jpg.

Como se manter sã em tempos de crise

Não deixe que o período de crise abata sua autoestima. O mundo do trabalho passa por turbulências, mas especialistas e mulheres que já enfrentaram e venceram desafios ensinam a segurar a onda em meio à maré baixa

Melissa Diniz

Desde o ano passado, a crise financeira mundial domina as manchetes. No Brasil, de dezembro de 2008 a janeiro de 2009, o índice de desempregados chegou a 13,1% – o maior aumento já registrado para esse período desde 1998, segundo pesquisa da Fundação Seade do Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos (Dieese). Esses são os fatos. O modo como cada uma de nós lidará com eles é que vai fazer a diferença, impedindo que o clima de insegurança comprometa a saúde, as relações e a autoestima. “O lado bom da crise é que ela destrói ilusões e desperta para a realidade”, afirma a psicanalista Márcia Tolotti, de Caxias do Sul (RS), consultora de endividamento e autora do livro AS ARMADILHAS DO CONSUMO (EDITORA CAMPUS). Na opinião dela, “sempre corremos o risco de perder o emprego, o marido, a saúde ou os filhos, mas vivemos na ilusão da segurança e, quando isso desaba, ficamos enfraquecidas”.

Segundo Márcia, do ponto de vista emocional, é mais sábio aceitar que a vida tem mesmo uma dose de incerteza, assim criamos jogo de cintura para lidar com mudanças que estão fora do nosso controle. Do ponto de vista financeiro, a ordem é reduzir o consumo, cancelar serviços e privar-se de alguns prazeres. Os cortes são mais rigorosos para quem perde o emprego ou fontes de renda, mas para todos vale a regra de poupar 30% dos ganhos – assim ninguém é pego de surpresa na fase das vacas magras.

As dificuldades materiais geram perda de conforto e de status. Quem supervaloriza a posição social sofre mais com as oscilações. “Quando nossa autoimagem está muito ligada à forma como os outros nos veem, nos tornamos reféns disso”, alerta Márcia. Para ela, esse é um dos aspectos do endividamento: a pessoa insegura acredita que, se aparentar ter dinheiro, seus problemas serão resolvidos; aí, compra mais do que pode e do que precisa. Hoje, esse comportamento é insustentável. "Moradia e alimentação são despesas fundamentais. O restante pode ser administrado conforme a necessidade – definir prioridades é decisivo”, diz a psicanalista.

Fonte: http://claudia.abril.com.br/materias/3550/?sh=28&cnl=24&sc=

SEI

Conheci a solidão de quem perde um amor
Conheci a solidão de quem sabe o que é calar quando se sente uma dor
Conheço a felicidade de ser ter um amor
Conheço o que é ser feliz por encontrar um novo amor

Não sei o que seja desistir de se ter uma nova paixão
Não sei o que seja não se querer uma nova ilusão
Não sei o que seja amar sem excitação
Não sei o que seja o amor sem uma leve alucinação

Sei o que é gostar
Sei o que é desejar
Sei bem o que seja se apaixonar
Sei muito bem o que seja saber amar

Saber gostar
Desejar o gostar
Gostar de se apaixonar
Tudo isso...
Conheci quando decidi te amar.

Célia Regina Carvalho
Salvador, 15 de abril de 2010.

domingo, abril 11

A LIBERDADE, SIM, A LIBERDADE! (Álvaro de Campos)

A liberdade, sim, a liberdade!
A verdadeira liberdade!
Pensar sem desejos nem convicções.
Ser dono de si mesmo sem influência de romances!
Existir sem Freud nem aeroplanos,
Sem cabarets, nem na alma, sem velocidades, nem no cansaço!
A liberdade do vagar, do pensamento são, do amor às coisas naturais
A liberdade de amar a moral que é preciso dar à vida!
Como o luar quando as nuvens abrem
A grande liberdade cristã da minha infância que rezava
Estende de repente sobre a terra inteira o seu manto de prata para mim…
A liberdade, a lucidez, o raciocínio coerente,
A noção jurídica da alma dos outros como humana,
A alegria de ter estas coisas e, poder outra vez
Gozar os campos sem referência a coisa nenhuma
E beber água como se fosse todos os vinhos do mundo!

Fonte:http://casafernandopessoa.cm-lisboa.pt/index.php?id=2241
Foto: Xando Pereira

O MAIS-QUE-PERFEITO

Ah, quem me dera ir-me
Contigo agora
Para um horizonte firme
(Comum, embora...)
Ah, quem me dera ir-me!
Ah, quem me dera amar-te
Sem mais ciúmes
De alguém em algum lugar
Que não presumes...

Ah, quem me dera amar-te!
Ah, quem me dera ver-te
Sempre a meu lado
Sem precisar dizer-te
Jamais: cuidado...
Ah, quem me dera ver-te!
Ah, quem me dera ter-te
Como um lugar
Plantado num chão verde
Para eu morar-te
Morar-te até morrer-te...

Fonte: http://www.viniciusdemoraes.com.br/                                                            Foto :http://saidecasa.wordpress.com/2008/07/
                                                                        

quarta-feira, abril 7

NÃO DEIXE O SAMBA MORRER

(Alcione/Composição: Edson Conceição / Aloísio)

Eu vou ficar
No meio do povo, espiando
Minha escola
Perdendo ou ganhando
Mais um carnaval
Antes de me despedir
Deixo ao sambista mais novo
O meu pedido final...

Quando eu não puder
Pisar mais na avenida
Quando as minhas pernas
Não puderem agüentar
Levar meu corpo
Junto com meu samba
O meu anel de bamba
Entrego a quem mereça usar...

Não deixe o samba morrer
Não deixe o samba acabar
O morro foi feito de samba
De Samba, prá gente sambar...

terça-feira, abril 6

DONA DA MINHA CABEÇA - GERALDO AZEVEDO

MATANÇA - XANGAI

SÚPLICA CEARENSE

SÚPLICA CEARENSE (Luíz Gonzaga/Composição: Gordurinha e Nelinho )

Oh! Deus, perdoe este pobre coitado
Que de joelhos rezou um bocado
Pedindo pra chuva cair sem parar


Oh! Deus, será que o senhor se zangou
E só por isso o sol arretirou
Fazendo cair toda a chuva que há


Senhor, eu pedi para o sol se esconder um tiquinho
Pedir pra chover, mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta no chão


Oh! Deus, se eu não rezei direito o Senhor me perdoe,
Eu acho que a culpa foi
Desse pobre que nem sabe fazer oração

Meu Deus, perdoe eu encher os meus olhos de água
E ter-lhe pedido cheinho de mágoa
Pro sol inclemente se arretirar


Desculpe eu pedir a toda hora pra chegar o inverno
Desculpe eu pedir para acabar com o inferno
Que sempre queimou o meu Ceará

*Homenagem do nordestino que sabe a dor que causa a falta e o excesso das águas, ao povo carioca que sofre pelas chuvas que ora, destroém vidas e sonhos.

segunda-feira, abril 5

"Os politicos e as fraldas devem ser mudadas frequentemente e pela mesma razão".
Eça de Queiroz

domingo, abril 4

DE COMO ERA

Jesus deve ter pensado muito bem em suas atitudes. Sabia que elas seriam comentadas pelos séculos vindouros, e precisava dar o exemplo.
Seu primeiro milagre? Não foi curar um cego, fazer um coxo andar, exorcizar um demónio: mas transformar água em vinho, e animar a festa.
Seus companheiros? Não foram os que comandavam a cultura e a religião da época; mas homens comuns, que viviam de seu trabalho.
Suas companheiras? Não eram como Marta, que fazia aplicadamente a tarefa doméstica; mas como Maria, que o seguia com liberdade.
O primeiro Santo? Não foi um apóstolo, nem discípulo, nem um fiel seguidor; mas o ladrão que morria ao seu lado.
O sucessor? Não foi aquele que mais se aplicou em aprender seus ensinamentos; mas quem o negou no momento em que mais precisava de ajuda.
Enfim, nada do que mandava o manual do bom comportamento.
Maktub - Paulo Coelho

sexta-feira, abril 2

OUTRA VEZ

O seu amor me abriu o olhos
Para uma realidade absolutamente possível
De felicidade plena
De profunda felicidade
E, de um desejo completo
Foi o seu amor
Que me fez acreditar
Mais uma vez
Que somos passíveis de erros
Mas, capazes de muitos acertos
Seu amor
Me faz sorrir
Me faz perceber as pessoas à minha volta
Seu amor me faz viver
Seu amor me faz amar a vida.
E, crê que posso vivê-la intensamente
Sem medos
Nem culpas
Eu o amo porque você me fez amar outra vez!

Célia Regina Carvalho

quinta-feira, abril 1

"Faz assim, o amor: Inspira.Confia e faz confiar. Abraça, não sufoca. Cativa, nunca prende. O amor é livre, jamais libertino. Se assim o for, só pode ser o amor".
Célia Regina Carvalho