terça-feira, março 16

Jamelão – Uma vida de samba

O moleque Saruê primeiro foi engraxate, depois vendedor de jornal e, finalmente, tocador de tamborim e  cavaquinho nos subúrbios cariocas. Virou Jamelão por invensão talvez de um apresentador de programas de rádio, ou então de um gerente de gafieira. Isso não se sabe ao certo. Seu nome na verdade era José Bispo Clementino dos Santos, nascido a 12 de maio de 1913, no bairro de São Cristóvão, Rio de Janeiro.

Aos 15 anos, cavaquinista e ritmista de certo prestígio em alguns poucos bairros da periferia carioca, conheceu o sambista Lauro Santos, o Gradim, que o levou à Escola Estação Primeira de Mangueira.

E ali nascia um dos maiores nomes da música brasileira e um dos mais respeitados membros da Estação Primeira de Mangueira.

Jamelão começou na bateria, depois foi se enturmando com o pessoal do samba. Nessa época, ele não tinha quaisquer pretensões artísticas. Ia para a avenida para tocar tamborim e paquerar as meninas, como ele mesmo afirmou várias vezes. Com o passar do tempo, começou a participar das rodas que ocorriam após o desfile, na Praça Onze. Segundo ele, lá "paravam os batuqueiros", para fazer um "samba pesado. Samba duro, de roda".

Essas rodas de samba, vez por outra, acabavam com a chegada da polícia.

A explicação de Jamelão é que nessas rodas sempre aparecia um "Zé Mané querendo fazer o nome. A rapaziada, então, pegava ele na pernada. O sujeito guardava a raiva e voltava no ano seguinte, querendo vingança. Já vinha armado e aconteciam brigas sérias. A polícia sempre intervinha".

Depois das rodas de samba da Praça Onze, Jamelão, em 1945, participou, sem sucesso, de um programa de calouros na Rádio Ipanema. Talvez tenha sido nesse programa que ele ganhou seu apelido. Segundo o próprio Jamelão, quando ele saiu dos estúdios, ouviu o apresentador "anunciar determinada música a ser interpretada por Jamelão". Quando ouviu isso, ainda se perguntou: "quem seria esse tal de Jamelão?" Para sua surpresa o Jamelão era ele, pois o contínuo da Rádio Ipanema veio afobado e, segundo contou o próprio cantor em depoimento no Museu da Imagem e do Som, no Rio, "ele me chamou, dizendo que era hora de eu entrar em cena para defender a música. E o apelido pegou."

O apelido pegou, mas o canto não. Jamelão foi gongado nesse concurso "quando esticava a última nota, um agudo respeitável", gabava-se ele.

Mas há uma outra versão para essa mesma história da qual fonte é também o próprio Jamelão. Ao ser perguntado a respeito do apelido, em uma entrevista concedida em 1998 ao "Jornal do Brasil", Jamelão disse: "É coisa de garoto. Minha mãe era doméstica e trabalhava no Colégio Independência, na rua Bela Vista, no Engenho Novo. A gente morava nos fundos do colégio, num barraco. Quando comecei a jogar futebol no Piedade Futebol Clube, a turma costumava sair e ir jantar num restaurante. Um dia me levaram para a gafieira e lá surgiu o nome Jamelão. O pessoal na brincadeira falou para o gerente que eu gostava de cantar. Não é que eu gostasse, eu sabia as músicas da época, a gente cantava junto. O cara não sabia meu nome e foi para o microfone e anunciou Jamelão. Ficou. Quando fui para a Rádio Tupi, nos anos 40, o Almirante, que era diretor, não queria que eu cantasse com o apelido. Queria me tirar da programação".

A origem do apelido em si, não tem muita importância. Importante hoje, é o que este homem de origem humilde e simples mas de voz poderosa, fez pela cultura brasileira.
Saiba mais: http://www.bercodosamba.com.br/artistas_jamelao.asp

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