Declaramos sempre que a vida é tão curta
e por que, vivemos a prolongar dores e sofrimento?
Por que custamos tanto para aprender, que
a nossa felicidade deverá ser priorizada, sempre?
Por que será que, quanto mais sofremos,
mais nos apegamos às causas do nosso sofrimento?
Diariamente, ouvimos a imprensa divulgar
notícias horrendas que envolvem famílias inteiras nas mais distintas e cruéis
adversidades.
Porém, quando se busca o aprofundamento
dos fatos, a fim de compreender os porquês, deparamo-nos com as mais
insatisfatórias das respostas.
Mulheres são assassinadas por seus
companheiros, porque não deram um basta ao sofrimento de conviverem com sujeitos
violentos. Na maioria dos casos de violência praticados contra mulheres, o
agressor é reincidente. Esse é um dos piores fatos, do meu ponto de vista.
Às vezes chego a indignar-me com a
condição de impotência que algumas mulheres se colocam diante de determinadas imposições, a violência doméstica é uma delas.
Amores perdidos, sonhos destruídos, lares
desfeitos, filhos e filhas traumatizados, gerações inteiras comprometidas e o
que vemos são máscaras e maquiagens acobertando verdadeiros celeiros de
violência.
Meninos e meninas que buscam nas mais
diversas faces da violência, uma maneira de vingarem-se por seus infortúnios
familiares.
Na busca de resolverem seus traumas pelo
viés da violência, usam drogas, prostituição, gravidez indesejada, evasão
escolar, vandalismos, agressões e até assassinatos. Aquela situação que algum omisso social classificava de briga de
marido e mulher, por isso, não deveria “meter sua colher”, agora, virou
problema dos governos.
Esquinas recheadas de garotas e garotos
de programas, orfanatos e creches lotados de recém-nascidos. A justiça liberando
adolescentes criminosos porque as cadeias públicas brasileiras não têm nenhuma
capacidade para recebê-los e, agora, todos os defensores dos direitos humanos
buscam um responsável, é mais fácil culpar o estado.
Óbvio que o estado tem também a sua
parcela de culpa, por não assumir a sua responsabilidade, por exemplo, abrindo
Juizados Especiais para Mulheres Vitimas da Violência Doméstica. Em alguns
municípios brasileiros temos Delegacias de Apoio à Mulher, mas faltam juizados
especiais. Essa culpa podemos atribuir ao estado!
Contudo, há que se lembrar das nossas
responsabilidades pessoais enquanto mulheres, mães, homens e pais e, do quanto
poderemos contribuir com o equilíbrio da sociedade, quando cumprirmos os nossos
papéis, inclusive o de garantirmos a nossa paz, tranqüilidade e acima de tudo,
a nossa felicidade.
Com propriedade posso afirmar que,
decidir-se por uma atitude que mude totalmente os rumos da sua vida não é
fácil, todavia, também com a autoridade que me foi concedida por meio de
experiência pessoal (e, intransferível) vivida, é absolutamente possível
reverter qualquer quadro de aprisionamento circunstancial.
Posso afirmar que é muito mais fácil sair
das garras da violência, do que permanecer apegado a ela. Não somente pela mazelas do presente, mas, sobretudo pelas consequências futuras.
Vale à pena preferir o desprezo ao
orgulho e assumir que precisa mudar de direção, a preterir a sua felicidade e
da sua família e “de quebra” contribuir com a desestabilização da sociedade em
diversos setores.
Tire a máscara que acoberta a Violência contra
Mulheres. Pense nisso!
Crônica: Célia Regina Carvalho
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