sexta-feira, abril 30

Direitos Humanos - Tortura nunca mais!

Na manhã do dia 27 de agosto de 1993, no Recife – cidade onde, em 1964, o líder comunista Gregório Bezerra foi amarrado e arrastado pelas ruas, enquanto era espancado a coronhadas por um oficial do Exército -, foi inaugurado o primeiro monumento para homenagear as vítimas da repressão militar nos anos 60 e 70 no Brasil. Nome do monumento: Tortura Nunca Mais.

A perspectiva do eterno retorno traz consigo terríveis conseqüências existenciais: se tudo está fadado a se repetir até o fim dos tempos, qual o sentido das nossas ações?
É aqui que se insinua na nossa reflexão um complicador a mais: melhor seria, para nosso próprio conforto ideológico, que nos deparássemos apenas com a simples oposição de um Estado torturador contra a sociedade civil de “torturáveis”. Infelizmente não é tão simples assim. Em países como o Brasil, boa parte da opinião pública – o que aliás inclui os próprios “torturáveis” – convive pacificamente com a idéia de que a polícia pode prender e bater em delinqüentes, malandros, suspeitos etc.,provenientes das classes populares. Isso, por mais politicamente desconfortável que seja admiti-lo, faz parte da nossa cultura, integra o nosso senso comum. Antes que os militantes de esquerda tivessem descoberto a questão da tortura a partir de sua própria experiência nos porões do regime, a música popular já registrava maus tratos contra favelados como a coisa mais natural do mundo. Em 1964 – ano emblemático -, no célebre show Opinião, uma música de Zé Kéti, incorporando a fala de um desses cidadãos, dizia:

Podem me prender
Podem me bater
Podem até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião
Daqui do morro
Eu não saio, não.

O que mais me chama a atenção no verso “podem me bater” não é o seu realismo, é a sua naturalidade, com a qual, certa feita, eu próprio me defrontei, num episódio que vale a pena ser contado. Há alguns anos, passando em frente a uma loja de roupas, notei uma grande confusão, como se algo de grave tivesse acontecido no seu interior. Perguntei a um dos balconistas o que era, e fui informado de que um ladrão tinha sido pego e o tinham prendido no banheiro. “À espera da polícia?”, perguntei. “Não”, respondeu o balconista. E explicou: “O ladrão é recruta do Exército, e a polícia não pode bater”. E isso dito sem nenhum espanto, como se fosse absolutamente natural que o ladrão, pelo seu delito, fosse passível da pena de espancamento. Só que, por ser recruta do Exército, tinha direito a um regime especial...

Angela Paula – PT Capela do Socorro - PT Nacional

Leia a matéria na íntrega em: http://ptjuazeirobahia.blogspot.com/

Um comentário:

  1. Oi, Regina, você já conhece o DiHitt? Eu gostei mais do que do EuLinko, me perdi neste último e vou desistir. Eu tenho umas postagens no DiHitt. Aki o link: http://www.dihitt.com.br/

    Eu não sei, mas se você já é cadastrada no DiHitt me dá o seu link para eu te add como amigo.

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