Quando
garota, eu curtia muito a expectativa do retorno dos meus pais à nossa casa.
Embora,
fossemos nove irmãos, todos a esperar ansiosos por nossos pais que trabalhavam
fora para sustentar seus filhos e filhas, eu me sentia como se fosse à única.
Coisas
de criança. Conta a minha mãe que eu mamei até os cinco anos de idade. Sempre
que ela voltava do trabalho, eu corria à pedir sua mama. Claro, não
me lembro, mas, algo me diz que fui muito amada na infância.
Receber
meu pai então era a melhor de todas as sensações vividas por mim quando menina.
Um suéter vermelho trazia o cheiro do homem vaidoso que meu pai conseguia ser,
mesmo com todas as dificuldades econômicas que enfrentavam.
Penso
que não houve uma só vez, para faltar um abraço. Eu adorava sentir os fios de
sua barba que teimavam em aparecer, arranharem o meu rostinho de menina. Adorava
comer aqueles alimentos industrializados que meu pai trazia na volta para casa.
Hoje, não permito que meus filhos e filhas comam, mas, confesso, eu amava tudo
aquilo!
Diversas
vezes, “arquitetei” uma febre ou uma dor de alguma coisa, só para receber a
visita do meu pai no nosso quarto. Eu deixava o recado que estava doente,
alguém daria, com certeza. O certo é que, às vezes sonolenta sentia sua mão
sobre a minha fronte e ouvia seus “cochichos” com Papai do Céu, o que me faria
dormir durante toda a noite.
Hoje,
depois de “crescida”, ainda curto a expectativa do retorno, só que dessa vez, do
homem que amo. Como é bom ter alguém que vai chegar. Quer seja para amar com loucura
ou, somente para você abraçar forte e descansar sobre o seu peito.
De
todas as situações criadas ou inusitadas no amor a dois, penso mesmo, que o
grande barato é você conseguir alimentar o gostinho da espera. E mais ainda,
provocar em quem vai chegar, a ansiedade de estar logo em casa. Talvez, esse
seja o indicador de que as coisas não vão bem entre duas pessoas que se amam,
quando não conseguem mais sentir o desejo do reencontro diário.
O
anseio pelo recomeço diário é sem dúvida, um dos principais motores de uma
relação, creio eu.
Sentir-se
ansiosa (o) e feliz com a expectativa pela chegada, tanto quanto pelo retorno
para quem se ama, do meu ponto de vista, é e será sempre o grande barato do
amor!
Categoria:
Crônica
Célia Regina
Carvalho
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