O encantamento à existência humana está muito
ligado aos acontecimentos diários, quer sejam corriqueiros ou inusitados, são
os episódios que nos ajudam a escrever a história de tudo o que somos e
sentimos. A cada acontecimento, um capítulo!
Aos fatos triviais podemos atribuir a nossa
maturidade. É por meio da prática que somos aperfeiçoados. Por esse motivo não
reclamo de ter que realizar a mesma atividade repetidas vezes.
Há quem reclame da rotina, mas, é ela quem nos
ensina a executarmos com agilidade todas as nossas tarefas desde as mais
simples às mais complicadas. Tanto exercitamos, até o dia em que aprendemos.
De simples, classifico aqueles hábitos do tipo,
beber água. Fui ensinada quando ainda criancinha a ingerir muita água. Para alguns,
parece trivial. Não o é. No meu caso em especial, a água é uma substância
insubstituível. Facilmente posso beber 3litros de água por dia, isso ajuda
bastante a minha saúde.
Para falar do inusitado, nem precisamos citar
situações catastróficas. A ignorar os dramas da vida, rotulo de inusitado o dia
em que você pede demissão do seu trabalho e, seu superior lhe oferece uma promoção seguida de um aumento
salarial. Embora, à sua frente esteja exatamente o que você sonhou, uma
sensação surpreendente torna a sua expressão abobalhada. O espanto acontece mesmo que você esteja a lutar por
esse reconhecimento ou oportunidade há meses ou anos, porque nem sempre, os
nossos sonhos são factíveis. A maturidade me deu uma grande lição: “Conquanto
eu seja livre para sonhar, nem sempre estarei livre para realizar o que sonhei”.
Já abri mão de anseios diversos, pela convicção que tenho do meu, às vezes,
súbito limite.
Lições que nos mostram os nossos limites, nos
são aplicadas desde a infância. Talvez não se lembre que ganhou uma bicicleta, examente no dia em que seu pai foi transferido pela empresa para uma outra cidade e precisaram se desfazer de todos
os pertences, inclusive do seu tão sonhado presente.
Esse aprendizado, não nos ensina a perder o que
sonhamos, mas nos ensina a abrir mão daquilo que no momento não podemos
possuir. Um dia com a conquista do amadurecimento, você aprende que por vezes
faz-se necessário abrir mão de alguns dos seus anseios.
Esse momento é considerado uma travessia, é
quando você enxerga o outro lado da ponte e entende que precisa atravessar.
Lya Luft chamaria de múltipla escolha. Diria que
podemos ser heróis, guerreiros, realizadores, condenados, conduzidos ou
fracassados e, completaria: “Basta parar de vez em quando para, pensar e
decidir até onde pode se decidir: Sim, eu
assumo... Não, eu não quero... Sim, eu vou abrir aquela porta e enfrentar o que
vem depois dela”.
No impasse está o que eu chamaria de
encantamento.
Enxergarmos as possibilidades de escolhas nos
tornará mais agradecidos à vida e, a certeza de que teremos sempre a oportunidade
de optar qual o caminho a seguir, certamente nos fará melhores a cada
dia, por sabermos que as atitudes foram exatamente as que pudemos tomar.
É que... “No fundo a gente sabe: Eu sou esse não
saber direito coisa alguma, mas vou em frente e me esforço e luto e me entrego
e, sou terno ou zangado, sou absurdo, mas esta é a minha vida e estas são as
minhas decisões. Algumas delas. (...) Essa é a nossa vida, a nossa múltipla
escolha, até o último instante – se tivermos fervor e audácia, ou lucidez”.
Célia Regina Carvalho
Citações: Lya Luft, Veja, ed.2172, pag.24.
Imagem: Meme
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